Death Metal Awesome !!!

Death Metal Awesome !!!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ESTÃO ACABANDO AS FICHAS ... "QUEM" VAI SER O PROXIMO ALVO DA AMERICA!!!?


...Finalizando mais um ano, pô massa, quero ver mesmo a cara desse proximo ano que chega pra renovar a alma de qualquer forma... de "prima" kero agradecer a todas as pessoas em geral, que acompanham esse blog de merda (heehehe)... agradecer a todos mermo, acho muito massa e gratificante quando alguem chega a mim de alguma forma que seja, MSN, EMAIL e ate pessoalmente, e diz q e se identifica com alguma coisa que escrevo... por isso vou continuar com essa bagaça aki, foda que daqui pra frente vou ficar sem muito tempo pra atualizações and again .. and again... Como essa é minha ultima postagem do ano, "vou curtir uma praiazinha até dia 2"... "PQ EU SOU JOVEM NÉ!!!" (hehehe) ... então, mais uma vez quero agradecer a todos e desejar um ano novo de muitas conquistas pra todos...

5 coisas que vc deve "tentar" fazer neste fim de ano...

01. comprar a maior quantidade de cerveja (heineken) q vc puder esses dias (não deixe pra comprar isso nos ultimos dias do ano, pois vai ser foda!!! )

02. selecionar em um "DVD" tudo que vc quer escutar, e levar pra onde vc for, ou se não for pra algum canto neste fim de ano tb faça isso ... pq não tem coisa melhor que escutar um somzinho q vc gosta bebendo com amigos...

03. levar ENGOVE.... CHÁ DE BOLDO...

04. comprar um presente bem massa pra sua sogra, e fazer ela entender q sua filha está em boas mãos (hehehehe) esse tempo todo q ela vai passar fora de casa... hehehehe

05. está ao lado de quem te faz bem e se sente bem.... "bebendo de preferência né !!!"

Postado ao som de throwdown- the scythe

UM GRANDE ABRAÇO A TODOS E FELIZ 2010 !!!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

OSBOLETO.... DESARTAVEL........


Não é tão facil assim como agente quer que seja...
Nossos rumos são traçados a cada segundo vivido...
E não temos como se esconder da verdade.

O por do sol é constante, e não nos damos conta nenhuma da rapidez que isso passa...
Não nos damos conta de quanto um sorriso só, nos dá forças para lutar.
As correntes de "Valores" e "Respeito" estão quebradas já a muito tempo...
Esse casulo de "orgulho" tem que ser destruido e revisto como uma unidade só...

Deixar-se levar pela vida é um erro irremediavel...Então , me dê uma oportunidade só de segurar na sua mão e tentar te mostrar o pouco que sei sobre "querer bem" e ser feliz, sem precisar de mutação nenhuma, sem precisar se enganar, porque um sentimento de carinho e cuidado ainda fala mais alto em alguem...

A.E.C.S.

noise...:
stone the crow - DOWN
http://www.youtube.com/watch?v=FBLbrJxGtro

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

RAW NOISE: SCUM WILL RISE TO THE TOP - 2009

download
http://www.mediafire.com/?zgywjiurldm

Essas coisas so saem no fim de ano mermo... puta q pariu... em mais um EP, o raw noise faz agente se aperriar mais ainda qdo lanca alguma coisa, que na maioria das vezes "tipo" todas a vezes... ehehe são de lascar.. desde o play " the terror continues" q a destruição foi decretada e essa maquina de fazer crust/core vem sem alizar nada.. Dean Jones mais "hébrio" do que nunca ... ehehehe
uma pena q são so 4 sons... q faz vc voltar o album umas 40 vezes... destaque pra faixa PAIN AND GAIN.. q é extreme noise .. puroooo... de arrombar.... e não sabia q esse carinha q tocar bateria no album é mesmo q gravou o retro-bution... poisé .. finalizando esse ano "tosco" com um lancamento "tosco" e brutal... cheeerrssssssssss

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

ARRANCAR MASCARAS... ABANDONAR PAPEIS...

Eu não podia imaginar as coisas que me aconteceriam, o início foi incerto, confuso e incomum, onde todos os estranhos fariam parte da minha vida, onde todos os cantos teriam histórias escondidas. Aqui passei os melhores anos de minha vida, fiz amigos, muitos dos quais, me acompanharão para sempre. Por isso tenho que comemorar!

Esse é um momento especial! É hora de olhar para trás e ver por tudo o que já passei. Sem dúvida, muitas tristezas e conflitos mas, felizmente, por inúmeros bons momentos, de alegria, de vitórias e de cumplicidade.

Devo esquecer aqueles que me impuseram obstáculos infundados e agradecer àqueles que me impulsionaram adiante. É hora, mais do que nunca, de valorizar as amizades e os conhecimentos adquiridos aqui.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

VALEU CAVERNA....ANDAS CAGANDO Q TAMO TE ESPERANDO!!!!


"hoje era pra ser um dia triste" ... como disse ele mesmo....
Faz pouquinho tempo q conheci esse cara... e parece até q agente ja se conhece a tempos... de personalidade forte e intrigante, muito parecido comigo em muitas coisas como em muitos sentimentos... verdadeiro e respeitador... foda q hoje to escrevendo isso meio como uma despedida, mais ja ate conversamos muito sobre isso tudo... realmente agente as vezes se cansa de algumas rotinas e bate uma loucura iminente dentro de nós mesmo... então o momento é .. de não conter isso e arriscar mesmo... sem medo de ser feliz...

Então é por isso q hoje posto sobre esse caboco q faz as pessoas se sentirem muito bem qdo esta ao seu lado... e do fundo do meu coração meu brother q tudo dê certo nessa sua "empreitada"... sei q vai ficar puto qdo disser isso mais " qdo vc voltar ou ser chegar a voltar" hehehehe..estamos aki pra curtitmos juntos com nossas "brejas sagradas" e rimos mais e mais....

valeu "CAVERNA" q tudo dê certo e curta muito por nós !!!

essa musica é pra vc meu fi...
BIGINNING OF THE END - UGANDA

domingo, 13 de dezembro de 2009

13/12/2009 - UM LEVE SUSPIRO....


Trabalho na area de saude, e ja fazia 1 mês q acompanhava um camaradinha q sofria de cancer no ezofago... o nome dele é "gabriel" uma pessoazinha muito meiga e inteligente pra caramba... no primeiro contato q tive com sua familia, não foi muito amistosa . . . foda , pois a familia estava muito abalada com tudo akilo estava acontecendo, e isso sempre deixa q todos fiquem sem seus sensos de cordialismo e muito estressados. minha parte nisso tudo é so colher alguns de seus exames de rotina(sangue) e processo todo o resultado depois... certo dia recebi uma noticia q ele estava muito mal na UTI do hospital em q trabalho, fikei de cara, pois a dias q ele andava bem, seus exames tinham dado uma evoluida bastante significante e sempre sua familia me procurava pra saber de algo, e nisso tudo criei um vinculo muito massa entre eles... ja fazia dois domingos q eu ia na casa dele so pra dar um tepinho e visitar... as vezes agente jogava um game e eu bebia "ovomaltine" q ate nem posso tomar essas porras!!hehehe... as vezes ficavamos conversando besteiras sobre desenhos e sonhos q ele tinha... achava isso muito massa e recompensador, e para ele deveria ser muito bom tambem...
Ja na UTI ele ja estava entubado e rodeado de aparelhos q rastreia sua evolução corporal, ja não havia mais aquele rosto de criança ali mais.. era so mais um enfermo como outro0s naquela sala, dona Katia q é mãe dele sempre me perguntava se tinha como fazer algo pra reverter akilo, mais como posso ajudar... se nem medicos e auxiliares falavam nada pra propia familia, gabriel ainda passou 3 dias na UTI e no terceiro dia foi para o centro cirugico pra tentar retirar o carcinoma, mais desta feita sua resistencia pòs-operatoria seria minima... mais tentanram deseperadamente...
Então nessa quinta-feira 6hs da matina recebi uma ligaão de dona Katia q me falava baixinho q Gabriel tinha ido embora... na hora fiquei me perguntando.. pq eu q tinha q ser um dos primeiro a saber disso tudo, na hora q isso aconteceu liguei logo pro meu local de trabalho e avisei q iria me ausentar e expliquei a razão, como todos ja conheciam a historia, foi sem problemas. Cara ... é incrivel como em questão de dias a vida de uma pessoa tão maravilhosa se foi... lembro do pouco contato q tinha com ele, uma criança de 10 anos cheia de ideias e sonhos... lembro uma vez q ele me falou q queria ser policial qdo crecer pra matar bandido... isso ele falando com um tom de raiva e como se estivesse atirando nos bandidos, e a mae dele, sempre cortando ele qdo falava essas coisas... foram só 3 semanas, mais foi o suficiente pra mim saber q a vida é curtinha e tão importante para muitos q ainda nem viveram nada... estou muito chocado com todo esse acontecido, pois fui muito infeliz em conviver com a familia por poucos momentos.... momentos de fardo e dor... mais sei q no fundo fui uma ajuda muito grande pra amenizar um pouco a dor de seus "entes"....
estou escrevendo isso agorinha as 18hs, pois acabei de receber uma ligação de dona katia pedindo pra estar com eles no natal proximo... isso é extremente gratificante, mais ao mesmo tempo destruidor...

OBS: agredeço a familia MOURA NETO e amigos proximos da familia por ter me tratado sempre muito bem e sei q fiz meu papel, foi minimo, mais fiz... que gabriel esteja em paz onde estiver, atirando em bandidos e falando bem alto como ele sempre fazia...

att: Abraao Carrah

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

MOB 47 - ULTIMATE ATTACK


Sem sombra de duvidas, essa é uma das maiores belezuras da gloriosa suécia... junto a VARUKERS, DISCHARGE.... hardcore cu de jumento sem medo de ser feliz... essa é uma coletania q "catei' aki, com varios sons desses caras, 60 sons no total... pra quem não conhece ...baixe e escute !!!

DOWNLOAD

http://www.mediafire.com/?mdjqwztmlkg

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

.... É ISSO AIIII....


...Chegando o fim de mais um ano... caralho, e pensar q esse ano passou rapidinho em...
tenho plena conciência q não tirei proveito de naaaaaaaaadaaaa.. hehehe..... deixei muita coisa pra traz, pra poder sentir como é viver sem me preocupar com faculdades... mais trabalho.... deixei até algumas pessoas pra tráz tb ... q nunca deveria ter feito isso !!! só me trouxe problemas... mais fiz....
não foi um ano muito bom pra mim ... como não foi tb pra muita gente ... conheci pessoas diferentes com personalidades diferentes e "indoles" diferentes.... me envolvi com pessoas que nunca pensei q iriam me fazer um mal algum... e tive q descobrir essas coisinhas da pior forma q existe... me descepicionando... to no corre de voltar atráz de tudo que perdi, isso que é foda, mais com certeza vai ter um final na calmaria e serenidade.... isso eu espero.... a coisa boa disso tudo é que, me dei conta de quem realmente está ao meu lado, meus amigos e companheiros de verdade... só em momentos como estes q sentimos o quanto somos amados e que temos algum valor pra alguem . . .

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

cowboys from hell - 1990 !!!



meu dia num ta muito legal hoje não...
post dedicado a amigos... irmãos e afins !!!


DOWNLOAD
http://rapidshare.com/files/58924844/Pantera-CFH-1990.rar

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Marxismo e religião: questões preliminares


Edgard Leite

I
Cabe talvez a Franklin Baumer a identificação daquilo que denominou de “tradição cética” do Ocidente (Baumer, 1960: 19). As suas origens mais visíveis estão nos séculos XVI e XVII, mas Baumer aponta raízes medievais mais profundas. Estas são localizáveis, por exemplo, na disseminação do dito averroísmo em círculos intelectuais europeus no século XIII. Atribuído a Averroes, tal pensamento afirmava, entre outras coisas, a existência de “três grandes impostores”: Jesus, Moisés e Maomé, defendendo uma atitude de desconfiança diante das religiões monoteístas (Baumer, 1960: 101). Poderíamos encontrar idéias análogas nas fontes clássicas mais antigas, gregas e romanas. Nelas o ceticismo diante de crenças populares ou dogmáticas sobre a natureza de Deus era generalizado. Mas o fato é que a consolidação dessa “tradição cética” e sua transformação em efetiva corrente de opinião intelectual e política com penetração em toda sociedade é sim fenômeno posterior ao século XVI . Baumer sugeriu com precisão que a “tradição cética” está ligada ao fortalecimento de diversas crenças. Em primeiro lugar, a crença na capacidade humana tanto de entender as leis da natureza, e exercer sobre ela controle, quanto na de organizar racionalmente a sociedade. Em segundo, a confiança na dignidade do ser humano e sua capacidade de realizar atos virtuosos e morais. A crença em Deus tornou-se, assim, na opinião de muitos, desnecessária para o entendimento ou legitimação dos atos humanos (Baumer, 1960: 67- 71). Para os historiadores contemporâneos, ou aqueles influenciados, em maior ou menor grau, pelo pensamento marxista, refletir sobre esse processo implica, no entanto, em diligências que certamente não são fáceis. O marxismo é um sistema teórico holístico, e nele o conceito de totalidade é usado no sentido de que “o adequado entendimento de um fenômeno complexo advém apenas de uma apreensão de sua integridade relacional”, como definiu Martin Jay (Jay, 1984: 24). Ou como escreveu Marx, de forma mais reflexiva ou seminal: “a coisa toda deve, é claro, ser descrita em sua totalidade (e, portanto, também a recíproca ação de seus diversos aspectos uns com os outros)” (Marx e Engels, 1976: 61). Esse desafio teórico fez com que incontáveis pensadores marxistas flutuassem entre dois pólos: o da crença na determinação econômica sobre todos os aspectos da existência humana, inclusive os subjetivos, como no marxismo vulgar do século XX, e o da tentativa de estabelecer uma teoria geral da sociedade - que pudesse efetivamente incluir as dimensões subjetivas e objetivas num único e orgânico sistema, como em Maurice Godelier ou Georg Lukács. Hoje tal objetivo teórico - a construção de uma teoria social e histórica totalizadora – parece, a alguns, muito ousado. Muitos o caracterizam como um dos aspectos mais pretensiosos ou perigosos do marxismo. Em grande medida porque a tentativa de reduzir a integridade relacional a modelos operacionais – que devem ter um grau expressivo de estabilidade - usualmente congela, impede ou deforma a apreensão de um processo, a história ou o desenvolvimento das sociedades, que está em permanente mudança. Mas é este um dos aspectos centrais do marxismo e motor de sua força analítica. Entre outras coisas porque a alternativa é uma percepção fragmentada da realidade e a renúncia à busca da coerência histórica dos processos- uma visão aniquiladora da complexidade relacional e alienadora, portanto. A questão é que tal holismo implica na aceitação da dinamicidade do mundo e o marxismo, para ser coerente em sua busca por um sistema totalizador fundado a partir da percepção, só pode ser um sistema-processo. Como escreveu Lukács, “a totalidade não é um fato formal no pensamento, mas constitui a reprodução no pensamento do realmente existente” (Lukács, 1981: 103) e o “realmente existente” é um permanente fluir de acontecimentos. Isso não é uma novidade no que diz respeito aos sistemas científicos, ou ao marxismo. Como escreveu Adam Schaff, “o conhecimento é um processo infinito, mas um processo que acumula as verdades parciais que a humanidade estabelece nas diversas fases do seu desenvolvimento histórico: alargando, limitando, superando estas verdades parciais, o conhecimento baseia-se nelas e toma-as como ponto de partida para um novo desenvolvimento. O que acabamos de dizer para o conhecimento é válido para a verdade... É nesse sentido que a verdade é um devir: acumulando as verdades parciais, o conhecimento acumula o saber, tendendo, num processo infinito, para a verdade total, exaustiva e neste sentido, absoluta” (Schaff, 1980: 98). Considerando tal caráter fluido das teorias, podemos assim afirmar que o marxismo, como sistema científico, é dotado de um expressivo falibilismo, isto é, admite “que suas crenças podem estar erradas, o que inclui a decorrente rejeição de atitudes dogmáticas”. Mas também sustenta um tipo de objetivismo, ou a existência “de um método objetivo que permite afirmar como verdadeiras certas crenças sobre o mundo... um método que pode ser usado por qualquer investigador competente e que levará aos mesmos resultados quando propriamente aplicado por diferentes investigadores competentes ao mesmo problema” (Audi, 2003: 263). Uma das dificuldades do marxismo, como poderemos ver, está em ser um método aplicável à realidade social, cujas variáveis subjetivas nem sempre podem ser tratadas de uma forma conseqüente com o trato simultâneo do universo da objetividade. O marxismo, apesar disso, afirma a viabilidade de uma aproximação materialista e global à realidade histórica que dê conta também da subjetividade. A “tradição cética”, portanto, deve ser entendida na sua relação com um processo bem maior. Em princípio poderíamos dizer - acompanhando de forma parcial os marxistas vulgares do século XX - que seu desenvolvimento se confunde com a emergência do sistema capitalista e sua consolidação é um dos seus aspectos visíveis. O objetivo das atividades econômicas, a partir do final da Idade Média na Europa, passou a ser centrado na “produção de mercadorias e circulação desenvolvida de mercadorias” (“a circulação de mercadorias é o ponto de partida do capital” (Marx, 1983: 125)). Isso está de forma evidente relacionado com a valorização de justificativas de origem exclusivamente humana, sem as quais não se pode legitimar o movimento de consumir na dimensão necessária ao sistema em desenvolvimento. Tal fenômeno dá-se em visível oposição a certos modelos pré-capitalistas de entendimento do mundo que centravam no divino as fontes da legitimidade das ações do ser, ou que viam os objetivos destas como prioritariamente espirituais ou que as entendiam em função de certas dinâmicas sociais e econômicas em rota de desaparecimento. É claro que esse movimento não é apenas econômico, mas também existencial e demonstra, como apontou Baumer, a consolidação social de certezas relativas à potência humana diante do mundo. Entre os séculos XVI e XIX tal processo passou de uma crítica limitada às tradições religiosas específicas, especialmente ao cristianismo, como em Maquiavel e Voltaire, ou ao judaísmo, como em Spinoza, a um enfrentamento denso à própria religião, como em Jeremy Bentham: “a religião... prejudica o indivíduo, instalando nele medos de tormento sem fim, privando-o de prazeres inocentes, e subjugando-o aos desejos de um caprichoso tirano. Prejudica a sociedade, através da criação da intolerância aos descrentes e heréticos [e] impedindo o progresso intelectual”( apud Baumer, 1960: 177). Esse processo foi batizado por Baumer de “a grande secularização” (Baumer, 1960: 112) e possui implicações políticas evidentes. Como escreveu Thomas Hobbes, “o Reino de Cristo não é deste mundo, portanto seus ministros não podem exigir obediência em seu nome” (Hobbes, 1979: 293). As transformações sociais, existenciais e econômicas se traduziram num enfrentamento ao poder das instituições religiosas que exerciam o controle ideológico do Estado e da ordem social. O impacto da “grande secularização” foi igualmente profundo no saber científico e histórico, como sabemos. Todo o esforço do pensamento de vanguarda a partir dos séculos XVI e XVII é “livrar a ciência do controle teológico”, ou seja, seculariza-la e, como diria Francis Bacon “dar à Fé não mais do que as coisas que são da Fé” (apud Baumer, 1960: 112). O ditado de que a “astrologia é a mãe ingrata da astronomia”, pode ser estendido às outras ciências que irão emergir nesse movimento. Assim, a alquimia é a “mãe ingrata” da química - e a história sagrada a da história. Podemos dizer, com efeito, que é esse enfrentamento com a história bíblica - ou com a idéia de que os eventos humanos são determinados ou moldados por uma vontade externa ao homem - o conflito fundador da história, tal como a conhecemos hoje. O lento processo de rompimento das reflexões históricas com o testemunho dos textos bíblicos assinala o surgimento da disciplina. Esta adquire consistência no momento em que submete a própria Bíblia à crítica histórica. Tal reviravolta secular tem efeitos surpreendentes sobre o pensamento ocidental e, a partir do século XIX, não há texto religioso e sagrado que não passe a ser submetido a uma leitura laica e historicista. Em geral se reconhece- como o fez Marx- o trabalho de Pierre Bayle, o Dicionário Histórico e Crítico, publicado no século XVII, como um marco definitivo no sentido dessa ruptura e desse enfrentamento. Ali os fatos se contrapõem a toda digressão bíblica, tida como essencialmente fantasiosa (Breisach, 1994: 192). “Ao dissolver a metafísica pelo ceticismo”, explicou Marx, “anunciou a sociedade atéia que não ia tardar a existir” (Marx e Engels, s/d: 191). Bayle compartilhava do mesmo ímpeto de tantos outros historiadores da época no sentido de descobrir e valorizar as razões humanas para o entendimento do processo histórico. O objeto do conhecimento, como escreverá, mais tarde, Feuerbach, em pleno triunfo da ciência cética, não é “um ser conceitual abstrato, mas o ser real, o verdadeiro Ens realissimum- o homem” (Feuerbach, 1989: XV). No caso da história, todo desenvolvimento teórico e metodológico será marcado pelo aprofundamento da busca pela objetividade documental, primordial testemunho da existência humana. Huston Smith assinalou que semelhante movimento secular faz parte da construção de um visão de mundo fundada em uma “estupenda hierarquia espacial, uma hierarquia de medidas” (Smith, 1992: 1), basicamente, portanto, quantitativa e objetiva. Em história, por exemplo, isso significou passar a lidar apenas com o que possa ser contado, medido e dimensionado objetivamente. Assim, tal sistema se opõe a todos os outros que sustentam, na opinião de Arthur Lovejoy, ser o universo “composto de um imenso ou... infinito número de elementos articulados de forma hierárquica, do mais elementar tipo de ser existente até a maior elevação possível, ao Ens perfectissimum” (Smith, 1992: 5). Isto é, que erigiam a qualificação e a subjetividade, definidas em função de uma instância absolutamente superior, como parâmetros básicos para entender a lógica do mundo. A “grande secularização” recusou, portanto, o império da subjetividade, estabelecendo que apenas os conceitos que pudessem ser materialmente dimensionados contassem para a compreensão dos processos. Como escreveu Fuerbach, “eu encontro minhas idéias apenas nos elementos que possam ser apreendidos através da atividade dos sentidos. Eu não gero o objeto a partir do pensamento, mas o pensamento a partir do objeto” (Feurbach, 1989: XIV). É evidente que essa crítica propiciou, na astronomia, na química e na história, um aprofundamento extraordinário no entendimento e controle dos fenômenos. Os movimentos reais puderam ser vistos em maior ou menor grau sem o filtro das qualificações ou subjetivações, e sua lógica, antes obscurecida, tornou-se clara. A descoberta de sua racionalidade interna fez com que pudessem ser também manipuladas pelo ser humano, com sucesso. Essa visão de mundo, por razões filosóficas e políticas, portanto, denunciou todos os sistemas que tinham por objeto a substância imaterial, ou seja, os sistemas metafísicos. Donde a condenação geral à metafísica: “todos os metafísicos e teólogos são necessariamente charlatões”, resumiu Voltaire (apud Baumer, 1960: 55). II A crítica da metafísica e da religião atingiu uma expressiva maturidade teórica no século XIX. H. Paton considerou a existência de quatro vagas anti-religiosas que culminaram então: a primeira da física, a segunda da biologia, a terceira da psicologia e por fim, a última e mais decisiva, a da história (Paton, 1973: 174). A história do XIX tem de fato um papel fundamental em todo esse processo. Basta levantar a questão da crítica textual bíblica, cujos efeitos já foram inicialmente anotados. Ainda segundo Paton, “a crítica moderna minou, primeiro, a autoridade do Velho Testamento e em seguida do Novo, no sentido de que a crença tradicional num livro infalível, escrito por Deus, não pode mais ser aceito por qualquer homem inteligente de julgamento independente” (Paton, 1973: 174). Essa realidade foi repercutida na filosofia, e particularmente importante nesse sentido foi o trabalho de Ludwig Feuerbach, de grande influência nos meios intelectuais europeus da época e, como se sabe, em Marx (Harvey, 1985: 291). Em “A essência do Cristianismo” Feuerbach elaborou uma crítica “antropológica” ou “psicológica” para o fenômeno religioso, propondo sua explicação e superação. Para Feuerbach, como resumiu Engels, “fora da natureza e dos homens não existe nada, e os seres superiores que nossa imaginação religiosa forjou não são mais que outros tantos reflexos fantásticos de nosso próprio ser” (Engels, 1986(b): 362). “Deus”, afirmou Feuerbach, “é a mais alta subjetividade do homem abstraída de si mesmo” (Feuerbach: 31), isto é, uma projeção. Segundo ele, “o homem não sente nada em relação a Deus que ele não sinta em relação ao homem”, donde seu aforismo, “Homo homini deus est”. Diante da tese de Hegel de que a religião seria um movimento no sentido de passar "da finitude da consciência e da fini¬tude em geral, que chamamos nós- ou eu- ao infinito, ao ser infi¬nito, mais precisa¬mente defi¬nido como Deus" (Hegel, 1988: 162-163), Feuerbach propôs que “a consciência do infinito nada mais é do que a consciência da infinidade da consciência” (Feuerbach, 1986: 3). A idéia de que o religioso era uma projeção de desejos ou pensamentos humanos se tornará muito influente no pensamento posterior. Já em princípios do século XX, Freud a desenvolveu, ao propor que “a religião seria a neurose obsessiva universal da humanidade, tal como a neurose obsessiva das crianças, ela surgiu do complexo de Édipo, do relacionamento com o pai” (Freud, 1980: 57). Assim, a transfiguração da religião em fenômeno histórico permitiu a sua compreensão a partir de variáveis humanas, alcançáveis pelo humano. Nesses casos estabeleceu-se claramente que aquilo que outrora fora entendido como uma realidade metafísica na verdade era apenas fruto de uma alucinação, de uma falsa ou ilusória experiência perceptiva. Apenas o conhecimento científico foi considerado apto a fornecer uma resposta real sobre o mundo ao homem. O mais radical entendimento do assunto foi, no entanto, obra de Karl Marx. Ali o materialismo científico alcançou sua maior e mais conseqüente expressão. O seu aforismo “não é a consciência do homem que determina a existência, mas sua existência social que determina sua consciência” (Marx, 1984: 21) resume o objetivo de absoluta secularização dos estudos das ações dos homens na História. É compreensível, portanto, que também tenha lançado as bases para a mais devastadora das críticas aos sistemas religiosos. A obra de Feuerbach levantou-lhe uma série de questões fundamentais sobre o assunto. Saudou inicialmente “A essência do Cristianismo” como “os primeiros escritos desde Hegel... que contém uma real revolução teórica” (Marx, 1964: 64). Concordou especialmente com o fato de que “o homem que busca um super-homem na fantástica realidade do céu... nada mais encontra que o reflexo de si mesmo” (Marx, 1964:41). É necessário anotar, no entanto, que a crítica de Marx à religião estava longe de ser mera especulação filosófica ou psicológica. Marx estava preocupado com o tema da revolução social e absorvido com o complexo entendimento holístico materialista da trama da História. Assim, não podia deixar de considerar, acima de tudo, que a religião deveria ser entendida não como um conjunto de idéias que pairava no abstrato, mas como dinâmica social que servia de instrumento legitimador do poder do Estado. Assim, Marx chegou à sua célebre conclusão de que a religião “é o ópio do povo”. “A abolição da religião na sua condição de felicidade ilusória do povo é necessária para a real felicidade deste. A demanda para eliminar a ilusão do povo sobre sua condição é a demanda para eliminar uma condição que necessita de ilusões” (Marx, 1964:41). Mais importante que as idéias religiosas, portanto, eram as instituições religiosas e seu papel na sociedade de Estado. A crítica da religião só tinha sentido dentro de uma crítica global da sociedade tal como ela existia: uma sociedade de classes fundada na exploração do homem pelo homem. Nas “Teses sobre Feuerbach”, Marx explicará que “depois de descobrir na família terrestre o segredo da sagrada família, há que criticar teoricamente e revolucionar aquela” (Marx, 1986:8). A ruptura com a religião não era, portanto uma mera ação intelectual, mas ação política, institucional, social e econômica. O “ópio” era, na época de Marx, uma droga de consumo massivo. Através dela se entrava em um universo ilusório, no qual os usuários passavam a viver, alheios ao mundo real. Alucinação, sem dúvida, e, em ambos os casos, alucinação à serviço do poder. Quando for tratar do papel das mercadorias na sociedade capitalista, Marx se referirá ao fetichismo da mercadoria, ao seu “caráter místico” e “enigmático”. “Para encontrar uma analogia”, explica, “temos de nos deslocar à região nebulosa do mundo da religião. Aqui, os produtos do cérebro humano parecem dotados de vida própria, figuras autônomas, que mantém relações entre si e os homens” (Marx, 1983: 70-71). Não apenas alucinação, portanto, mas alienação (Pals, 1996: 133). Ou, como definiu Godelier, “um domínio no interior do qual o homem representa de modo imaginário aquilo que é e age de maneira ilusória sobre esta realidade imaginária” (Godelier, s/d: 322). A prática religiosa podia ser comparada com a relação dos homens com as mercadorias numa sociedade de consumo ou com aquela que os viciados tinham com o ópio. Essa é uma observação importante, pois Marx aqui delineou uma dinâmica característica do sistema capitalista, que é o da criação de uma dependência irracional dos setores consumidores pelas mercadorias - dinâmica que fornece uma das bases fundamentais da construção do sistema. Nesse sentido, como anotarão alguns estudiosos do século XX, a concepção de Freud se aproximará da de Marx, principalmente porque ambas verão o sentimento religioso como um fenômeno dotado de uma patologia de fundo psicológico. O conservadorismo de Freud, no entanto, fez com que temesse uma “cura” universal da religião, pois, em sua opinião, “os crentes devotos” são “salvaguardados do risco de certas enfermidades neuróticas: sua aceitação da neurose universal poupa-lhes o trabalho de elaborar uma neurose pessoal” (Freud, 1980: 58). Engels, ao contrário, não via qualquer utilidade da religião. Sustentará que o cristianismo “se foi convertendo cada vez mais em patrimônio privativo das classes dominantes, que o emprega como mero instrumento de governo para controlar as classes inferiores” (Engels, 1986(b): 393-394). Ele defendeu, portanto, que o materialismo histórico permite a superação de toda filosofia e religião, pois possibilita “compreender” a realidade de uma forma global. A história, disciplina científica e libertadora do ser, que revela a lógica antes oculta das sociedades, substitui a religião e a “filosofia clássica”. A história surge em oposição à história bíblica, mas seu desenvolvimento não se esgota na crítica textual: ele se amplia à crítica de toda a religião. A “tradição cética” encontra assim um de seus pontos culminantes. A influência de Feuerbach, portanto, é muito grande na compreensão de diversas dinâmicas sociais, extrapola o estudo da religião e se estende à avaliação de então nascentes mercados, tanto o consumidor mais geral quanto o de drogas. Mas já anotamos que as soluções de Feuerbach não foram suficientes para Marx. Este criticou o seu “materialismo contemplativo” nas “Teses sobre Feuerbach”, preconizando que não se tratava, com Feuerbach o fizera, apenas de interpretar o mundo, mas sim de transformá-lo (Marx, 1986: 9). Marx, no entanto, era um pensador profundo, e embora não estivesse diretamente preocupado com o fenômeno religioso, mas sim com as questões de transformação do mundo, em alguns momentos pareceu separar um pouco o tema da crítica às instituições religiosas do estudo do problema religioso em si. Marx, de forma conseqüente, expressou suas dúvidas sobre se o problema específico da religião poderia ser resolvido de forma absoluta: “Feuerbach”, escreveu, “parte do fato de a religião tornar o homem estranho a si próprio e desdobra o mundo num mundo religioso, imaginário, e num mundo real. O seu trabalho consiste em reconduzir o mundo religioso à sua base temporal. Ele não vê que, uma vez realizado este trabalho, o principal continua por fazer.” (Marx, 1986: 8). Existiria, portanto, todo um trabalho teórico ainda a ser realizado sobre o tema. Mesmo porque o desenvolvimento do conhecimento exige transformações na teoria e é provável que percebesse que essa realidade falibilista da ciência também se aplicava ao estudo materialista do religioso. Uma questão básica relativa a esse empreendimento teórico foi explicada no “Capital”: “Toda história da religião que não leva em consideração essa base material não é crítica. É, na realidade, mais fácil descobrir pela análise o núcleo terrestre das nebulosas criações da religião do que fazer ver por um caminho inverso como é que as condições reais da vida revestem pouco a pouco uma forma etérea” e acrescenta: “o primeiro método é o único materialista e portanto o único científico” (Marx, 1957: 367). Isso quer dizer, inicialmente, que a crítica iluminista à metafísica é base fundamental para o tratamento do assunto e sobrevive incólume no pensamento marxista. Partir de conceitos metafísicos para então tentar entender como são revestidos pelos elementos materiais não é ação científica. É interessante que Marx prefira dizer isso afirmando que esse procedimento é, por oposição à facilidade da ciência, muito difícil - mas não impossível. É também curioso, nessa nota do Capital, numa passagem onde Marx discute as origens das máquinas e a diferença entre estas e as ferramentas, onde trata do trabalho, portanto, a forma neutra como lida com o assunto. O “difícil” ou o “fácil” tem a ver com a dificuldade de lidar com o subjetivo e a facilidade de lidar com o objetivo. A primeira coisa é incontável, imponderável. A segunda contável e ponderável. Mas é realmente fácil lidar com o objetivo? Sem dúvida o será se aceitarmos que a objetividade é capaz de resolver todos os problemas subjetivos possíveis. Mas Engels, numa célebre carta a Josef Bloch, procurou deixar claro que ele e Marx jamais afirmaram que o fator econômico, isto é, “o processo de produção e reprodução da vida real” era o “único determinante” para o movimento histórico, ou para o seu entendimento, mas tão somente o era “em última instância”. “Os diversos fatores da superestrutura que sobre ele se levanta... e inclusive os reflexos dessas lutas reais no cérebro dos participantes, as teorias políticas, jurídicas, filosóficas, as idéias religiosas e o desenvolvimento posterior destas até serem convertidas em um sistema de dogmas – exercem também sua influência sobre o curso das lutas históricas e determinam, predominantemente em muitos casos, sua forma... de outro modo, aplicar a teoria a uma época histórica qualquer seria mais fácil que resolver uma simples equação de segundo grau” (Engels, 1986(a): 514). Assim, pelo menos na avaliação de Engels, a facilidade declinada por Marx no Capital é relativa. Uma “forma etérea”, certamente não um conceito metafísico, mas subjetivo, pode determinar uma “forma”, objetiva. Não há como, apenas através da objetividade, solucionar todos os problemas possíveis de serem levantados numa análise histórica. Os elementos superestruturais – em princípio identificados como subjetivos – exercem um papel dinâmico, assim, no curso dos acontecimentos históricos, e esses são de difícil ponderação. Nesse sentido adquire lógica a afirmativa de Marx sobre a dificuldade de lidar com eles. É óbvio que, em princípio, ao se afirmar a base materialista de consideração do “processo de produção e reprodução da vida real”, pode-se estabelecer com certeza que tais elementos subjetivos são históricos e dinâmicos. Não podem ser, certamente, eternos ou universais – tal como são entendidos a partir da metafísica realista, por exemplo. A “tradição cética”, portanto, culminando em Marx, se torna cada vez mais densa e problemática. Como escreveu Ken Wilber, recentemente, um cientista pode por um dedo num ecossistema, mas não na compaixão, já que esta “não tem local” (Wilber, 1998: 59), isso é, não pode ser objetivada. A honestidade científica presente no marxismo, portanto, não pode afinal deixar de reconhecer o problema introduzido no método pelas questões suscitadas a partir da observação da realidade. Encaminhar soluções para essa questão será um tema importante do marxismo do século XX. III Parece claro, assim, que o marxismo representa uma importante culminância teórica da tradição cética e da “grande secularização”. No entanto, são também evidentes, como vimos, as suas dificuldades em dar conta de certos problemas relativos ao trato do subjetivo ou de explicar com maior clareza o lugar do religioso na história. O século XX permitiu que o pensamento de Marx fosse testado em suas diferentes formas: as vulgares, que abriam mão das dificuldades da consideração do superestrutural, e as complexas, que tentavam considerar este em articulação com as bases econômicas objetivas. As vulgares falharam sem dúvida, tanto do ponto de vista político-prático quanto intelectual. A negação da subjetividade e o império do objetivo nas reflexões políticas serviram quer para tentar o controle ou desqualificação de vontades quer realizar o antigo sonho- ou pesadelo- da diluição da pluralidade humana. No campo intelectual reduziu usualmente processos complicados a esquemas mínimos, a ponto de muitas vezes construir teorias inúteis ou virtualmente inaplicáveis ao todo. As complexas foram, evidentemente, mais bem sucedidas. É verdade, no entanto, que nem sempre seu movimento questionador e desafiador foi bem acolhido por aqueles que demandavam um projeto interpretativo mais prático - que pudesse ser aplicado às ciências sociais da mesma maneira como as teorias físicas o são ao universo. Mas é sem dúvida esta última vertente aquela que dá continuidade ao marxismo como sistema de entendimento da história e desdobra todas as suas inquietantes questões relativas à compreensão racional das ações humanas. Entre aqueles que trataram do assunto em tal perspec¬tiva criadora está Maurice Godelier. A sua obra é impregnada do desafio de tentar solucionar o problema da subjetividade numa perspectiva marxista. Toda reflexão de Godelier partiu do princí¬pio materialista, portanto, de que "o homem possui uma história porque transforma a nature¬za”. E reafirmou: “de todas as forças que põem o homem em movimento a mais profunda é a capaci¬dade de trans¬formar suas relações com a natureza e transformar a natureza ela mesma" (Godelier, 1984: 10). No entanto, acrescentou, "nenhuma ação intencional do homem sobre a nature¬za... pode se realizar... sem representações, julgamen¬tos, rudi¬mentos de pensamento" (Godelier, 1984:21). O pensamento desempenha, nessa ação, as funções básicas de "representar, organizar e legitimar as rela¬ções dos homens entre si e com a natureza" (Godelier, 1984:10). Godelier entende, portanto, que não se pode considerar a relação do homem com a natureza, isto é, a relação econômica, sem a ponderação da subjetividade, por mais difícil que seja sua interpretação científica. “Poucas pessoas”, refletiu, “entre os marxistas, enveredaram por essa difícil via teórica” (Godelier, s/d:322). Como antropólogo, e não economista, não teve como deixar de tratar das dificuldades inerentes à idéia de que a religião é apenas uma projeção. Criticou assim, numa perspectiva ampla, tanto, evidentemente, a tradição de Feuerbach ou, talvez, as idéias de Freud, quanto as pontuais observações de Marx, para o qual às vezes ela parece ocupar um papel meramente anestésico na consciência social - apesar dos reparos de Engels. Assim, em outra oportunidade, discutindo as estruturas do império Inca, Godelier afirmou que “a ideologia religiosa não é apenas a superfície, o reflexo fantasmático das relações sociais. Constitui um elemento interno da relação social de produção, funciona como uma das componentes internas da relação econômico-política” (Godelier, s/d:322). A maior contribuição de sua argumentação, no caso, parece ser o deslocamento do religioso de uma esfera superestrutural para o âmbito da infra-estrutura. Godelier dá a impressão de estar considerando a religião como alienação, mas também como algo mais do que isso, um elemento integrado de alguma forma à base material, uma inflexão da realidade objetiva, embora não saiba definir exatamente o que seja. “Estamos”, concluiu, “perante a tarefa de desenvolver uma teoria das relações entre a economia e a sociedade, teoria que possa simultaneamente explicar os aspectos e as formas fantasmáticas de que as relações sociais se revestiram na história.” (Godelier, s/d:329). Assim, Godelier assumiu que as afirmações gerais de Marx e dos marxistas sobre o assunto não foram ainda suficientes para o desenvolvimento de uma teoria explicativa do fenômeno religioso. Ele apontou, de qualquer forma, no sentido de uma integração holística mais profunda do subjetivo, ou do religioso, na base objetiva da sociedade. Se de fato o holismo marxista nos remete a uma realidade em permanente transformação, está posto, como vimos, que as suas teorias encontram-se também em processo de contínua mutação, principalmente porque são ininterruptamente cotejadas com a realidade social e desse cotejamento retiram todas os elementos para o seu ajuste como teoria. É possível que o objetivo de Godelier seja impossível. Isto é, não tenhamos condições de formular uma teoria geral sobre a inserção do religioso no “processo de produção e reprodução da vida real”. Devemos acreditar, no entanto, que seja viável a formulação de teorias sustentáveis, embora falíveis, que dêem conta de um dado momento histórico e do nosso grau de conhecimento da realidade. Godelier levanta questões que exigem uma resposta mais ousada. Talvez seja útil, nesse sentido, retornarmos a Georg Lukács, cuja influência no pensamento marxista do século XX foi significativa, tanto no partido das teorias prontas quanto no das teorias em construção, isto é, quer no campo do marxismo vulgar quer no do complexo. Lukács procurou pensar o subjetivo numa perspectiva um pouco mais sofisticada, ao tratá-lo no interior de uma ontologia marxista (Lukács, 1981). A sua “Ontologia do ser social” é um trabalho inacabado, que considerou “formalmente problemático” (Lukács, 1981:87). Isso é compreensível, na medida em que todo estudo marxista nesse campo apresenta uma impressionante dificuldade teórica. Ontologia, originalmente, é o ramo do conhecimento que investiga o ser enquanto ser, ou seja, a metafísica. Lukács a entende no entanto como a exposição mais geral das leis do ser, e, como marxista, do ser social. Como escreveu, “todos os enunciados concretos” de Marx, “são enunciados diretos acerca de algum tipo de ser, ou seja, são puras afirmações ontológicas” (Lukács, 1981:87). É no interior dessa reflexão ontológica que tratou, entre outros assuntos, do tema da subjetividade em Marx. Lukács observou que, embora Marx não “admita a existência de nenhum deus”, a sua aceitação de uma “efetiva eficácia histórica de determinadas representações de deus” faz com que reconheça que, em função delas, é engendrado, historicamente, “um modo qualquer de ser social” (Lukács, 1981:90). Marx, portanto, admite “a função prático-social de determinadas formas de consciência, independente do fato de serem elas, no plano ontológico geral, corretas ou falsas” (Lukács, 1981:90). Parece assim que a religião, para Lukács, não é um mero entorpecente, mas desempenha um papel ativo do processo de transformação da natureza. Assim, tal como Godelier, Lukács desloca o religioso para o centro do movimento material de produção e reprodução da vida humana. Tal movimento, segundo Marx, para sua realização, tem como condição básica o trabalho. Como escreveu, “o trabalho é uma condição de existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade de mediação entre homem e natureza e, portanto, da vida humana” (Marx, 1981:50). A partir dessa passagem, afirma Lukács, pode-se concluir que, “através do trabalho tem lugar uma dupla transformação. Por um lado o próprio homem que trabalha é transformado por seu trabalho, atua sobre a natureza externa e muda ao mesmo tempo sua própria natureza” (Lukács, 1981:92). É essa relação que funda o ser social, caracterizado pelo “recuo dos limites naturais” (Lukács, 1981:95). O fundamental, nessas ponderações, é que Lukács chama a atenção para a centralidade da relação entre homem e natureza na ontologia de Marx. “A posição teleológica do trabalho só pode cumprir sua função transformadora sobre a base de um conhecimento, pelo menos imediatamente correto, das propriedades reais de coisas e processos” (Lukács, 1981:95). O pensamento, portanto, é elemento fundamental para a realização do trabalho, para “a ação intencional sobre a natureza”, nos dizeres de Godelier. Ele tem por objetivo, assim, conhecer e dissipar a ignorância sobre “coisas e processos”, sem o que é impossível a ação. É por isso que o ser social, de forma holística, ao realizar-se, realiza o “recuo dos limites naturais”. Ora, como o religioso se insere, portanto, nesse processo? Qual o elo entre o sentimento religioso e as relações sociais de produção? Inicialmente é preciso realçar que, para Marx-Lukács, o conhecimento promove o “recuo dos limites naturais”. O que quer dizer, assim devemos depreender, que estabelece os limites entre aquele universo que é obra do trabalho, e portanto fruto do conhecimento ou que foi apreendido pelo humano, e aquele que não é conhecido, a natureza. Uma ilação razoável desse raciocínio é a de que o conhecido e o desconhecido se relacionam de forma dialética. O conhecer propicia a identificação do desconhecer, é seguido por novo conhecimento e novo desconhecimento e assim por diante. Mas o mais importante, no caso, é que podemos induzir que o ser social é determinado não só por um dado conhecimento das “coisas e processos” mas também por uma dada relação com o misterioso ou desconhecido implícita a partir daquilo que é conhecido. Lukács insiste no aforismo marxista de que “toda ciência seria supérflua se a essência das coisas e sua forma fenomênica coincidissem imediatamente” (Lukács, 1981:101), isto é, todo ato de conhecer implica de forma necessária em uma diligência. O problema é que, no entender de Lukács, “o agir interessado representa um componente ontológico essencial do ser social” (Lukács, 1981:101). “E quando este agir interessado repousa em interesses de grupos sociais, é fácil que a ciência fuja às funções de controle e se torne, ao contrário, o instrumento com o qual se oculta, se faz desaparecer a essência” (Lukács, 1981:102). Parece assim que Lukács se aproxima aqui do limite extremo do método. Ora, o ser social não se relaciona apenas com o conhecido, como vimos, mas também com o desconhecido. Essa fronteira entre ambos é móvel, pois se torna, de forma aparente, cada vez mais distante ao longo da história. E dizemos aparente porque o universo da natureza sobre o qual se avança é certamente infinito. Mas de qualquer maneira continua sendo fronteira. Cabe uma pergunta: Seria a relação com o desconhecido também um “componente ontológico essencial do ser social”? Parece às vezes que para Marx apenas o conhecimento desempenhava real significação ontológica, porque acreditava que a religião tinha por papel fundamental unicamente a de fazer ocultar a realidade dos homens. Mas Lukács explica que também a ciência pode ocultar. Assim, não seria a religião um agente que organiza, ontologicamente (e nos referimos à ontologia do ser social), a relação do homem não com o conhecido, mas com o desconhecido, ou, mais precisamente, com o misterioso? E, nessa direção, não é ela a que busca revelar aquela lógica que está além do limite do conhecimento e da ação humana? E não será também que o agir interessado das instituições religiosas, ao mesmo tempo que revela e traduz, de formas diferentes, tal mistério, não se volta precisamente para ocultar não primordialmente a realidade das relações sociais mas, principalmente, a profundidade trágica do desconhecimento? Aqui vemos de novo a religião como componente do processo de transformação da natureza. O ser social não apenas conhece, ele também desconhece. É claro que a dificuldade de entender o misterioso como realidade ontológica é imensa, como bem Marx depreendeu. Entre outras razões porque, nesse assunto, beira-se o limite da física e da metafísica. Como definiu Kant, a “metafísica representa a tentativa de saber o que repousa além dos limites da experiência sensorial humana” (Loux, 1998:7). Tratar cientificamente esse universo de qualificações, impressões, idéias imprecisas e nebulosas é muito difícil, talvez impossível. Como afirmou Lukács em outra oportunidade, “o marxismo... deve determinar com exatidão os conceitos centrais da ciência e eliminar qualquer possibilidade de ser confundido com a pseudo-ciência do idealismo e da metafísica” (Lukács, 1978:84). E, no entanto, a experiência desse mistério é, como já propusemos, um dos elementos constitutivos do ser social. Não há conhecimento sem a ponderação e experiência permanente desse desconhecimento, tanto do ponto de vista da sua ocultação ontológica quanto de um dado dimensionamento de sua natureza. Rudolf Otto, no século XIX, defendeu a existência de um misterium tremendum, “além de concepção e entendimento”, “um temor respeitoso” que serviria de base para o entendimento da noção de sagrado (Otto, 1873:97). No entanto, a idéia de universais eternos não cabe no materialismo marxista, pois é evidente que o caráter do desconhecido e do misterioso se transforma permanentemente na medida em que se dá o conhecimento. Ou como acentuou Lukács, o ser possui “uma historicidade ontológica” (Lukács, 1981:102). A natureza tanto do conhecido quanto do desconhecido está entranhada da eventualidade histórica. Talvez aqui esteja a dificuldade de Marx, ou os problemas formais de Lukács. É verdade que seria por demais pretensioso supor que a ciência possa realizar uma compreensão absoluta do Todo. Na verdade o marxismo, como qualquer procedimento científico, encontra sempre os seus próprios limites, nos quais estão delimitados os problemas de impossível solução naquele momento histórico. Mas as questões de impossível solução sempre existirão, porque a história é um fluxo contínuo de transformações. Sempre existirá, portanto, o desconhecido. Sendo ou não a história a única ciência, como afirmou certa vez Marx (apud Lukács: 1981:91), de qualquer forma podemos perceber que ela necessariamente é forçada a admitir em si a existência desse mistério epistemológico que reflete a existência de um mistério ontológico (Heschel, 1999:114+). Não há como deixar de recorrer aqui a uma analogia fundamental, entre religião e arte. Voltando mais uma vez a Lukács, dessa vez à sua “Estética”, observaremos que ele sustenta que “a arte – como a ciência, como o pensamento ligado à vida cotidiana – é um reflexo da realidade objetiva” (Lukács, 1978:125). Se o desconhecido faz parte da realidade objetiva, pelo menos do ponto de vista ontológico, e se o religioso tem a precípua função de lidar com esse desconhecimento, parece claro que a religião é muito mais do que meramente “o ópio do povo”. Ela é uma instância fundamental para lidar com um fenômeno específico, o mistério que está além – e subjacente, na verdade, pois o mundo está inserido na natureza – dos limites naturais, e alcançar a sua essência. Ela pode situar o homem no conhecido, em função de uma dada dimensão do desconhecido, fundamentada por observações agudas do processo de conhecimento ou da ampliação dos limites naturais. Ela lida, tal como a ciência, com a relação entre fenômeno e essência, mas não da mesma maneira. A ciência dissolve “a ligação imediata entre fenômeno e essência a fim de poder expressar teoricamente a essência, inclusive as leis que regulam a conexão entre essência e fenômeno” (Lukács, 1978:220). A ciência, portanto, fragmenta e divide o mundo entre dimensões objetivas e subjetivas, e no caso da ciência contemporânea hierarquiza a objetividade sobre a subjetividade. A religião, ao contrário – e nisso em princípio ela se aproxima da arte – funciona operando a fusão entre fenômeno e essência. Lukács afirma que, ao realizar semelhante dissolução, “a arte se revela assim mais próxima da vida do que a ciência” (Lukács, 1978:221). Semelhante afirmação pode ser estendida também à religião. A religião propicia uma dada – porque sempre histórica- percepção holística da relação do ser social, histórico e que conhece, com aquilo que é desconhecido e misterioso. Se essa percepção é “correta ou falsa” não é particularmente importante, mesmo porque no processo de ampliação dos limites do conhecimento mudam sempre as correções e as falsidades das religiões. O problema da religião, da arte ou da ciência – e nesse sentido Marx estava certo ao se referir ao ópio, mas não apenas à religião - está no agir interessado. Este pode atuar tanto para esclarecer quanto para escurecer a complexidade da relação do homem com o mundo que o cerca. O que quer dizer que, ao contrário da opinião de Voltaire e da tradição cética, a metafísica possui sim sua legitimidade enquanto mecanismo de entendimento do que está além. Não na ciência mas no interior do pensamento religioso e diante do desconhecimento. Se em certas circunstâncias históricas a religião se revela incapaz de realizar seu papel, em outros, no entanto, ela pode bem construir, metafisicamente, assim como a arte o faz esteticamente, conexões entre o sujeito e o Todo que permitem uma inserção ética positiva do ser no processo de relação com a natureza. O fundamental é que enquanto pensamentos a religião a arte ou a ciência são forças vivas, reais, históricas e eternas – tal como o trabalho - sem as quais não há realização possível do ser no seu processo de atuação sobre a natureza.

Postado ao som de: BENEDICTION-CONTROLOPOLIS

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

HYPOCRISY- A TASTE OF EXTREME DIVINITY - 2009


Fiquei muito feliz quando escutei esse novo trampo do Hypocrisy, a anos q esses caras não gravam um album tão magnifico... todas as faixa são empolgantes demais da conta, e ate q enfim eles colocaram aquele batera pra tocar de verdade hehehe... acho q ultima coisa boa q eles gravaram foi o INTO THE ABYSS, no mais, o resto deixou um pouco a desejar, sou um grande fã da musica desses caras, banda muito original e intensa... musicas como "Weed Out The Weak" e "Solar Empire" nos faz perceber aquela aura ET'zistica que só o hypocrisy sabe manter nas suas canções... FODADEMAIS...!!!

DOWNLOAD
http://lix.in/-576586

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Odio Provoca Sofrimento - 2º full "Lock Up" (Hate Breeds Suffering)


... "Não...!!!! essa banda formada por caras de outras bandas conehcidas, que no momento ta sem credito no mercado... lancando porcarias... então eles vão e se reunem e fazem um "sonzinho" da moda (comercial), pra enganar os otários"!!! ..... eheheheheh

Obs: POIS FAZ IGUAL... OU MELHOR !!! .. rs
LOCKUP-HATE BREEDS SUFFERING - 2001 (Nuclear Blast Records)
1. "Feeding on the Opiate" (1:29)
2. "Castrate the Wreckage" (1:34)
3. "Violent Reprisal" (1:02)
4. "Detestation" (1:34)
5. "Retrogression" (1:45)
6. "Slaughtereous Ways" (1:41)
7. "Dead Seas Scroll Deception" (2:28)
8. "Hate Breeds Suffering" (2:14)
9. "Catharsis" (2:32)
10. "The Jesus Virus" (1:33)
11. "Broken World" (0:46)
12. "Horns of Venus" (2:00)
13. "High Tide in a Sea of Blood" (2:02)
14. "Cascade Leviathan" (2:42)
15. "Fake Somebody / Real Nobody" (2:00)
16. "The Sixth Extinction" (2:15)

DOWNLOAD
http://www.mediafire.com/?ax9jot2dtq4

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

MORGOTH - ETERNAL FALL & RESURECTION ABSURD (1990)


caralho !!! catando umas coisinhas de som no meu quarto esses dias, achei meu cdzim do Morgoth.... lembro q comprei ele a muito tempo atrás e foi o "olho da cara"!!!.... de muitos cds q passei pra frente, ele foi um dos unicos q continuou comigo... esse album é um dos meus maiores "chamegos", uma das primeiras coisas q conheci em termos de DEATH METAL . . . no meu caso, ele vem acompanhado ao EP "Resurrection Absurd". Sem nenhuma sombra de duvida... esse album mudou minha vida e meu pensamento sobre musica extrema ... e a voz do Marc Grewe, foda é saber q existem poucas bandas q fazem isso hoje em dia, UTOPIA BRUTAL DEATH METAL DE MERDA !!!


Faixa Favorita: White Gallery


DOWNLOAD



quinta-feira, 16 de julho de 2009

A ARTE DA GUERRA - Sun Tzu -


Sun Tzu, foi um profundo conhecedor das manobras militares e escreveu A ARTE DA GUERRA, ensinando estratégias de combate e táticas de guerra. Súdito do rei da província de Wu, viveu em turbulenta época dos Estados guerreiros na China, há 2.500 anos e era um filósofo-estrategista que comandou e venceu muitas batalhas. Com inteligência e argumentos muito racionais, o autor expôs a importância da obediência, disciplina, planejamento e motivação das tropas. É uma obra original e valiosa porque é considerado o mais antigo tratado de guerra e hoje parece destinada a secundar a guerra das empresas no mundo dos negócios. A lição que se tira da obra é que a primeira batalha que devemos travar é contra nós mesmos. Para atingir uma meta, o autor ensina, que é necessário agir em conjunto, conhecer o ambiente de ação, o obstáculo a ser vencido e, é claro, conhecer seus próprios pontos fortes e pontos fracos. A grande sabedoria é obter do adversário tudo o que desejar, transformando seus atos em benefícios. Em relação aos comandados, é preciso manter uma disciplina rígida, ser respeitado, ter prestígio, ser temido. Para isso é preciso agir rápido à medida que as infrações ocorram. A superioridade numérica isolada não confere vantagem, mas a determinação de um líder sim. A energia deste, será fundamental para a vitória, mas não se trata uma energia cósmica ou religiosa, e sim da vontade de agir e conseguir conquistar objetivos. Seus princípios podem ser aplicados, por indivíduos no confronto com seus oponentes, exércitos contra exércitos e empresas contra suas concorrentes. Embora não se saiba ao certo se Sun Tzu existiu ou é uma figura lendária, os escritos são de Se-Ma Ts´ien, do século I a.C. e a tradução do padre Amiot é a primeira versão que se conhece no Ocidente.

Sobre o livro: A Arte da Guerra (chines : 孫子兵法; pinyin: sūn zĭ bīng fǎ literalmente "Estratégia Militar de Sun Tzu"), é um tratado militar escrito durante o século IV a.C. pelo estrategista conhecido como Sun Tzu. O tratado é composto por treze capítulos, onde em cada capítulo é abordado um aspecto da estratégia de guerra, de modo a compor um panorama de todos os eventos e estratégias que devem ser abordados em um combate racional. Acredita-se que o livro tenha sido usado por diversos estrategistas militares através da história como Napoleão, Adolf Hitler e Mao Tse Tung. Então !!! acho q não seria justo postar um DOWNLOAD de um livro deste aqui neste blog... até porque ele não é tão descartavel quanto um MP3 qualquer... recomendado até demais... inté!!!

sábado, 27 de junho de 2009

PQP PANELADA!!!!!!!!!!!!!! aaaaaaaaaaaahhhhhhh !!!


sabadozim .. e tome HEINEKEN !!Sem comentarios, melhor banda de hardcore do universo junto com o E.N.T... e o resto é que se foda !!! e tai a discografia desses filhos da puta.. é pra baixar mermo essa porra, é de graça!!!

DOWNLOAD CHAPADO!!!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

GADGET - THE FUNERAL MARCH - RELAPSE 2006

Com prazer da porra que posto essa referência de brutalidade... logo na primeira audição, vc fica de cara com a bela produção do album...bem, falando do som dos caras, é uma "méscla" maravilhosa de NASUM, MARDUK e muito Death Metal suéco, riff's caóticos e esmagadores ... maravilhoso!!! FUDIÇÃO ATÉ O TAAALOOOO...
http://www.myspace.com/gadgetgrindcore

DOWNLOAD
http://www.mediafire.com/?dbcwwlzx9jjdbcwwlzx9jj

terça-feira, 2 de junho de 2009

NAPALM DEATH - TIMES WAITS FOR NO "FUCKING" SLAVE !!! 2009




Tempão sem postar porra nenhuma ... então vou dedicar este album pra todos os amantes desta banda maravilhosa... este aki é o trampo mais recente "TIMES WAITS FOR NO SLAVE" de 2009, lancado pela FETO RECORDES selo muito fooodaa, muita coisa boa... so sei q se rolar N.D. aki na minha terrinha, dou até meu 'canecu' pra ver esses machos de perto... heheheh Rumores aparte, escutem este album que é um ARREGAÇO!!!!!!!

DOWNLOAD

sexta-feira, 15 de maio de 2009

NECROPHOBIC - DEATH TO ALL 2009


ah se toda banda de black metal fosse assim !!! depois de um tempo sem postar nada, venho com essa desgraçeira aqui, que foi o que mais me atentou neste perio de tempo... banda muito foda .... death/black metal empolgante com muita cara de anos 90...o NECROPHOBIC ja tem uma grande estrada, e esse album sem sombra de duvidas é um dos melhores ... eu, pelo menos, busquei tudo sobre ela !!! essa segunda faixazinha .. mermão!!! é viciante demais esse riff de Revelations 666, muito foda mesmo... SIM!!! e tem uma galera nesta banda que ja tocou com EXHUMED, DISMEMNBER, THERION... so podia dar em coisa boa!!! hehehe

DOWNLOAD

http://www.megaupload.com/?d=YLXS5CTJ

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Descaso sem limites...


No momento em que o mundo vive uma desordem política e econômica.Onde conflitos ideológico e político marcam a globalização. O continente africano sofre com a miséria e a fome. Milhares de crianças morrem subnutridas e carentes de uma vida digna e descente. E os representantes das nações ao invés de tratarem deste problema descutem somente dinheiro símbolo de poder e arrogância entre os povos e nações. Crianças morrem vítimas do descaso, de epidemias e doenças gravíssimas como a Aids.A taxa de analfabetização caiu muito mais a vida neste continente é muito triste.Embora muitas organizaçõesse comprometam a ajudarem esta pobre nação sofre o descaso da humanidade guerras e conflitos. O drama da fome e miséria que toma conta destas pessoas é símbolo do descaso mundial....Mermão sera que a humanidade não se toca disso tudo, e ainda assistimos em nossas casas o "entusiasmo" e "preparativos" da COPA DO MUNDO de 2010... construções "faraônicas", um mundo de dinheiro sendo gasto pra uma porcaria dessa, enquanto a cada 2 minutos morrem mais de 5 pessoas vitimas de fome ou outra doença qualquer lá mesmo... vá a merda essa porra toda !!!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Colapso no oriente médio !!!

Sobre o conflito no Oriente Médio

Introdução

Face à escalada desenfreada de violência e ódio no conflito que opõe israelenses e palestinos ao longo dos últimos dezoito meses, impõe-se uma análise de origens e da evolução do conflito, dos atores intervenientes e seus objetivos e valores subjacentes.
A ofensiva militar de Israel contra os territórios e as principais cidades palestinas, justificada perante a opinião pública mundial como um esforço de destruir a “infra-estrutura” do terrorismo certamente não prima por uma visão estratégica e política capaz de conduzir a um futuro consenso, com base em um diálogo mediado por representantes das Nações Unidas e outras organizações internacionais. Apesar da resolução recente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, favorável à criação de um Estado palestino ao lado do Estado de Israel, a tragédia mortífera no Oriente Médio prossegue aparentemente sem solução à vista. O texto procura esclarecer os fatos e estimular a discussão do problema que se tornou mundial em suas implicações.
Os antecedentes históricos
Contrariamente ao senso comum, os conflitos entre judeus-israelenses e árabes-palestinos não surgiram apenas nos últimos anos, mas têm um histórico de mais de um século.
O início da colonização impulsionada pelos ideais zionistas– o retorno à terra bíblica, a volta à terra, tendo a agricultura como fonte principal de sustento e a cooperação dos produtores como base de uma sociedade mais justa – levou ondas sucessivas de “pioneiros” para a Terra Santa, desde o final do século XIX.
Naquela época, a região estava sob o domínio do sultão, dos Turcos Otomanos, esparsamente povoada por agricultores palestinos no lado ocidental, que seria posteriormente declarado como Estado de Israel, e por beduínos nômades na parte oriental, transformada pelos Ingleses no reino da Transjordânia, no final da Primeira Guerra Mundial.
Na primeira metade do século vinte, cresceu a população judaica da Palestina, em decorrência das ondas de perseguição e massacres, na Rússia Czarista e na Europa Oriental, impulsionando o movimento zionista, fundado na última década do século XIX, em Basiléia, na Suíça. Em 1917, em plena guerra mundial, a Grã-Bretanha divulgou a “Declaração Balfour” em que declarava ver com simpatia o estabelecimento de um “lar nacional” para os judeus na Palestina. Mas, concomitantemente, aumentou também a população árabe, por crescimento vegetativo e por imigração dos países vizinhos, mais pobres e economicamente mais atrasados. Ataques às colônias estabelecidas pelos pioneiros ocorreram esporadicamente, ganhando maior ímpeto e adesão em 1929, nas cercanias de Jerusalém e em 1935-36, as vésperas da Segunda Guerra Mundial, o que levou o governo britânico a editar o “livro branco”, restringindo a imigração de judeus, apesar de números crescentes de refugiados da Alemanha nazista e da Europa Central e Oriental.
Durante a Segunda Guerra, houve movimentos militares anti-britânicos no Egito e no Iraque favoráveis à Alemanha, cujas tropas estavam avançando em direção ao Canal de Suez pelo Norte da África, chegando às portas de Alexandria, e pelas estepes da União Soviética, em direção aos poços de petróleo, no Cáucaso. Reprimidas as revoltas dos oficiais egípcios e iraquianos, os ingleses passaram a apoiar-se na população judia da Palestina, em cujo território instalaram bases operacionais e amplas instalações de recondicionamento de tanques e artilharia, destroçados pelos blindados alemães do General Rommel. Ademais, criaram uma Brigada Judaica, para serviços de suporte às tropas combatentes no Norte da África.
Terminada a guerra e reveladas as dimensões apocalípticas do Holocausto, a pressão da opinião pública mundial e sobretudo, da americana, levaram a Assembléia Geral da ONU a aprovar em 1947 um plano de partilha da Palestina, em um Estado judeu e outro palestino. Convém frisar que todo o território não passava de 27.000 km2, dos quais pelo menos 1/3 se situava no deserto de Neguev. Com o fim do mandato inglês e a retirada das tropas britânicas irrompeu a guerra da independência, em que o novo Estado de Israel enfrentou os exércitos do Egito, Síria, Tranjordânia, Líbano, Iraque e os próprios palestinos, muitos dos quais foram induzidos a abandonar seus lares, na expectativa de um próximo retorno com a vitória dos exércitos árabes.
Assim, segundo Meron Benvenisti, historiador israeli, ....”dezenas de vilarejos, centros urbanos e 400.000 hectares de terras cultiváveis foram abandonados por seus habitantes - cerca de 600.000 – que se transformaram em refugiados, nos próprios países árabes. É esta massa de refugiados, estimados em 3 milhões espalhados nos campos do Líbano, da Jordânia e da faixa de Gaza, que constitui o problema mais espinhoso nas negociações sobre o futuro da relação entre Israel e o Estado palestino a ser criado. No fim da guerra, com o armistício imposto pelas Nações Unidas, Israel ocupava, além de sua parte, também áreas cedidas aos palestinos pelo plano da partilha. Em 1956, numa guerra relâmpago contra o Egito de Gamal A. Nasser, as tropas israelenses chegaram até o Canal de Suez, recentemente nacionalizado pelo Egito, o que provocou a reação da França e Grã-Bretanha que se juntaram à guerra ao lado de Israel. Nesse impasse, Nasser foi salvo pela intervenção diplomática conjunta dos EUA e da União Soviética que forçaram a retirada das tropas estrangeiras do território egípcio.
Em 1967, eclodiu um novo conflito, em que Israel enfrentou os exércitos do Egito, Síria e Jordânia, conquistando as colinas do Golan no norte, a faixa de Gaza e o deserto do Sinai do Egito e a Cisjordânia, incluindo a parte árabe de Jerusalém, da Jordânia.
Longe de aplacar os ressentimentos e desejos de vingança, a vitória na “guerra dos seis dias” deu origem a um movimento de irredentismo e ações de terrorismo por parte dos palestinos, apoiados com armas e recursos financeiros pelos países árabes, mas que não se dispuseram a acolher e integrar os refugiados. Ao contrário, em setembro de 1971 ocorreu um massacre de milhares de palestinos nos campos de refugiados, pelas tropas do rei Hussein, na Jordânia.
Novamente, em 1973, os exércitos árabes do Egito e da Síria lançaram uma ofensiva-surpresa, durante o feriado judaico de Yom Kippur. Embora inicialmente bem sucedido devido ao efeito surpresa, as tropas árabes foram derrotadas e milhares foram feitos prisioneiros de guerra.
Mas, em 1977, com a intervenção do presidente J. Carter, o governo israeli (do conservador M. Begin) iniciou conversações com o Egito, com o resultado de um acordo de paz e a devolução do Sinai.
Em 1982, sob o comando do atual primeiro ministro, o então general Ariel Sharon, as tropas israelenses invadiram o Líbano, chegando à capital Beiruth, quando a milícia cristã massacraram milhares de palestinos, sem que os israelenses interviessem para deter a fúria dos milicianos. A ocupação da parte meridional do Líbano prolongou-se até 2000, caracterizada por ataques às cidades e colônias israelenses pelas milícias Hizbollah (os soldados de Deus) até a desocupação militar do território.
Entretanto, após gestões prolongadas de diplomatas escandinavos, israelenses e palestinos iniciaram em 1993 um processo de paz que previa a retirada gradual de Israel dos territórios, em troca de reconhecimento pelos palestinos do Estado judeu. Mas enquanto prosseguiram as reuniões intermitentes, mediadas pelo presidente Clinton, os israelis (mesmo sob o governo trabalhista de I. Rabin) continuaram com a política de assentamentos na Cisjordânia e em Gaza, enquanto os palestinos não pararam sua estratégia de atentados. Em julho de 2000, o então primeiro ministro Ehud Barak avançou na oferta de devolução de até 95% dos territórios e de divisão da soberania sobre Jerusalém – um ato que quase certamente teria sido vetado pelo Parlamento – que foi rejeitado por Yasser Arafat. Em conseqüência, Barak perdeu a maioria no Parlamento, o que levou à ascensão de Sharon e da ala dos grupos mais radicais, na condução da guerra e da política israelense.
As vésperas da visita de Colin Powell ao Oriente Médio, os palestinos intensificaram os atentados suicidas a alvos civis e o exército de Israel ocupou as principais cidades da Cisjordânia, na caça aos terroristas.
Dos dois lados predominam os extremistas, o que afasta cada vez mais as chances de paz. Arafat parece ter perdido o controle dos grupos radicais, enquanto Sharon não dá sinais de ter renunciado à manutenção dos assentamentos nos territórios ocupados. Quais são então as chances de um armistício que levaria à negociação de paz? À complexidade dos problemas em jogo – assentamentos, devolução de territórios, Jerusalém, refugiados – vem acrescentar-se o peso dos atores políticos, internos e externos, que complicam ainda mais o cenário político e estratégico. A visão e ação norte-americanas expressas na doutrina de Bush, de “guerra contra o mal” embaralha o jogo, enquanto estimula e legitima a escalada militar de Israel, supostamente alinhado ao combate universal contra o terrorismo.
Os atores sociais em confronto
Quando os ingleses abandonaram seu mandato e se retiraram da Palestina, as Nações Unidas recomendaram a divisão em dois Estados, um judeu e um árabe, de acordo com a concentração demográfica das respectivas populações. Os árabes recusaram a partilha, lançando-se em uma guerra em que prometiam “jogar os judeus no mar”. No final do conflito e o cessar-fogo de 1949, a Jordânia tinha ocupado a Cisjordânia e a parte oriental de Jerusalém e o Egito, a faixa de Gaza.
Durante os dezoito anos que se seguiram, não houve nenhuma tentativa por parte dos países árabes de integrar e assentar pelo menos parte dos refugiados palestinos, enquanto Israel recebeu entre 500-600.000 refugiados judeus, expulsos dos países árabes, desde o Maghreb até o Iraque.
A vitória relâmpago de Israel na guerra dos 6 dias não melhorou o cenário. Ao contrário, reunidos em Khartum-Sudão, os lideres árabes responderam às ofertas de paz com os “três nãos”: não reconhecimento, não negociar e não à paz com Israel.
O breve interregno aberto após a guerra de Yom Kippur em 1973, com as negociações e a conclusão da paz entre o Egito de A. Sadat e M. Begin, respectivamente presidente e primeiro-ministro, pareciam inaugurar uma nova fase nas explosivas relações entre árabes e judeus. Entretanto, uma nova Intifada prolongou o impasse entre palestinos e israelis, até o início das negociações de Oslo, em 1993.
Militarmente derrotados, os palestinos mantiveram a exigência de uma total retirada de territórios ocupados, contando com o apoio não só dos países árabes, mas também das organizações internacionais, da União Européia e dos próprios Estados Unidos.
Por mais complexa e intratável que pareça a situação, a solução mais provável a ser negociada é a criação do Estado palestino, conforme a proposta do príncipe Saudita Abdulla, em troca do reconhecimento de Israel e da normalização de suas relações diplomáticas e comerciais com todos os países árabes.
Entretanto, o quadro complicou-se no seio dos militantes palestinos, com o surgimento, no início de 2002, das Brigadas dos Mártires, de Al Aqsa, uma organização secular, cujos ativistas de base vêm de organizações locais, sem coordenação do escalão político superior. Embora reconheçam Arafat como líder nacional, negam uma relação direta entre ele e as Brigadas. Consideram a resistência armada como forma de luta para promover objetivos políticos, a partir da premissa que esta não se resumirá com os acordos de Oslo. Não compartilham com a linha dura de outros grupos (Hamas e Jihad) que querem a destruição de Israel e aceitam a participação de mulheres na luta.
A repressão “linha dura” de Sharon levou a uma aliança estratégica entre os grupos armados opostos no cenário político palestino. A investida do exército de Israel nos territórios impeliu os militantes nacionalistas (Tanzin, Brigadas dos Mártires de Al Agsa) e os extremistas islâmicos (Hamas, Jihad) a superarem suas diferenças ideológicas, atuando como uma frente comum e deixando temporariamente as disputas sobre as características do futuro Estado palestino. Enquanto o Hamas preconiza a libertação da Palestina e a criação de um Estado Islâmico, do Mediterrâneo até o rio Jordão, o Tanzim- braço armado do Fatah, partido de Arafat - quer expulsar tropas e colonos israelenses dos territórios ocupados em 1967, para criar, ao lado de Israel, um Estado laico, com capital em Jerusalém Oriental.
Entretanto, o governo e as forças armadas israelenses equivocadamente consideram como terroristas tanto os grupos nacionalistas identificados com a ANP (Autoridade Nacional Palestina) e Arafat, quanto os militantes do Hamas e Jihad Islâmico, atribuindo toda a responsabilidade pelos atentados suicidas a Arafat. Diluindo-se as linhas distintivas, tornou-se difícil identificar interlocutores válidos para avançar em direção a negociações de paz, fortalecendo, ao mesmo tempo, os radicais que apóiam Sharon na caracterização de todos os palestinos, incluindo Arafat, como terroristas.
Após a invasão e destruição das cidades da Cisjordânia, Arafat e Sharon estão cada vez mais distantes de estabelecer um cessar-fogo e de entabular negociações, para chegar a um acordo de paz. Arafat não cumpriu sua promessa feita no acordo de Oslo de evitar ataques de terroristas a partir de territórios controlados pela ANP- Autoridade Nacional Palestina. Mas, também Sharon falhou, não oferecendo aos palestinos qualquer perspectiva confiável de realizarem seus objetivos por meios não-violentos.
A conseqüência mais direta da “guerra” travada é o isolamento de Israel de países amigos que o apoiaram e a deterioração de seu nome e prestígio perante a opinião pública mundial.
Com todo o esforço de seu potencial militar, Sharon não foi capaz de fazer parar os ataques de guerrilhas suicidas, enquanto se destruía a tênue esperança de israelis e de palestinos, na possibilidade de um acordo justo para atender as reivindicações e expectativas dos dois povos.
Sharon e seu grupo de apoio parecem não aceitar uma questão de princípio fundamental para qualquer movimento em direção à paz. Israel deverá abandonar a maior parte dos territórios conquistados em 1967, para que possa surgir um Estado palestino viável na faixa ocidental e em Gaza.
Pior ainda, os ultra-nacionalistas – do partido Nacional Religioso – incorporados ao governo opõem-se à soberania palestina na faixa ocidental do rio Jordan e propõem uma futura emigração dos palestinos do país. Neste contexto, as propostas de Colin Powell de um avanço gradual, passo a passo em direção à paz parecem totalmente irrealistas: na verdade, um “salto” direto para sentar à mesa de negociações é ainda menos provável, tendo em vista o fosso que separa Sharon e Arafat.
Uma alternativa de superar o gradualismo, por mais distante que possa parecer, seria a constituição de uma força de segurança internacional encarregada da imposição da Resolução 242 de 1967 composta pela União Européia, EUA, Rússia e as Nações Unidas.
A visita de Colin Powell teve entre seus objetivos oferecer a Arafat a “última chance” de declarar um armistício e de deter as milícias e os ataques-suicídas.
Entretanto, ficou patente que mesmo declarando tal armistício, Arafat não teria condições de implementá-lo. Assim, também Sharon afirma procurar estabelecer um processo político “sem Arafat”, considerado chefe do terror. Na espera de surgimento de uma liderança palestina “responsável”, as tropas permanecem, apesar das promessas feitas a G.W. Bush, agravando o impasse.
Os últimos remanejamentos na Knesset – o parlamento israeli – com a incorporação ao bloco governista do grupo ultranacionalista de E. Eitan, a possível adesão do partido Gesher (D. Levy) e, posteriormente, da União Nacional – Pátria Israel dirigida por A.Lieberman, um imigrante russo, claramente prenunciam o endurecimento do governo, com a possível saída dos Trabalhistas (Shimon Peres – Relações Exteriores e Benjamin Ben Eliezer – Defesa).
Aonde vamos?
Mesmo no caso hipotético de um cessar-fogo, as negociações sobre a desocupação do território da margem ocidental, com o desmantelamento dos assentamentos, a divisão de Jerusalém e, sobretudo, a questão do retorno dos refugiados, enfrentarão obstáculos praticamente insuperáveis.
Concomitantemente, cresce a onda de protestos no mundo árabe, levando milhares às ruas marchando, gritando palavras de ordem contra Israel e os EUA. Esses movimentos são dificilmente controlados pelos respectivos governos, criticados por sua passividade, enquanto aumenta diariamente o número de voluntários dos grupos radicais palestinos e árabes em geral.
Não se pode ignorar que a revolta dos palestinos mobilizou quase toda a população dos territórios, potencializando o exército de “mártires” dispostos ao sacrifício de suas vidas.
Também, não é possível esquecer que a política de ocupação sistemática dos territórios por assentamentos iniciou-se nos sucessivos governos trabalhistas nos anos 60, recebendo forte impulso com a ascensão ao poder do Likud, em 1977.
Israel voltou a ser paria no cenário internacional, perdendo não somente a simpatia de países amigos, mas recebendo ameaças de sanções econômicas da União Européia – seu maior parceiro comercial.
Importa afirmar publicamente a necessidade de entregar os territórios, evacuar os assentamentos e devolver a parte oriental de Jerusalém. O ponto mais controvertido – a volta dos refugiados – deverá ficar para negociações posteriores, com a participação dos países árabes, os EUA e organizações internacionais.
Se, apesar de todos os esforços, a posição dos palestinos permanecer irredutível, enquanto ocorra um endurecimento da posição dos israelis, cada vez mais na dependência de apoio dos ultra-radicais, a situação da região do Oriente Médio se tornará insustentável – um beco sem saída, com profundas implicações para o equilíbrio geopolítico e a estratégia da superpotência que pretende lançar-se, após a guerra “vitoriosa” no Afeganistão, em nova aventura contra o Iraque.
A situação é tão desesperadora que os líderes da oposição israelense chegaram a propor algo inimaginável até há pouco tempo atrás: a criação, à semelhança de que foi feito nos Bálcãs nos anos 90, de um protetorado internacional para os territórios ocupados, para restaurar a calma, até a definição final de seu status e futuro.
Isto exigiria uma retirada das tropas israelis para convencer os palestinos da seriedade do processo, enquanto daria aos israelis o sentimento de segurança tão almejado.
Por enquanto, as duas lideranças não parecem inclinadas a aceitar tal proposta – os israelis alegam que tal movimento significaria uma vitória dos “terroristas”, enquanto os palestinos afirmam que seria uma derrota da luta pela independência.
Mas, independentemente da aceitação por israelis e palestinos, quem fornecerá as tropas para tal iniciativa?
Uma análise lúcida do conflito é apresentada por Amos Óz, escritor israelense bastante conhecido no Ocidente. (ver “Travamos duas guerras”, em Folha de S.Paulo, 07 de abril de 2002). Óz faz a distinção entre a luta de palestinos para libertar-se da ocupação e construir um Estado, independente. A outra guerra – a do islã fanático da Jihad, do Hamas e outros grupos terroristas – pretende destruir Israel e expulsar os judeus de sua terra. Segundo Óz, Arafat está travando as duas guerras simultaneamente, como se fossem uma só. Os seus guerreiros e “mártires” não fazem nenhuma distinção entre as duas, atacando indistintamente, militares e civis. Do lado de Israel, também prevalece o argumento simplista que permitiria a seus soldados reprimir todos os palestinos, pelo fato da “Jihad” islâmica total ser conduzida contra seus cidadãos. Óz também propõe a retirada dos territórios para afastar-se do controle de uma população hostil.
Somente com o fim da Jihad seria possível sentar-se à mesa das negociações da paz; caso contrário, Israel não teria outra saída do que lutar por sua sobrevivência, até o fim, com todas as possíveis implicações para o precário equilíbrio no Oriente Médio e no mundo atual.


HENRIQUE RATTNER

http://www.espacoacademico.com.br/012/12col_rattner.htm

OBS: Matéria massa que me atentou muito e tirou muitas duvidas que tinha sobre tudo isso... vou repassando então....

Postado ao som de Bad Religion- The Gray Race: Pity the Dead.